Já ouvi muita gente falar que o Canto do Noel é um pedacinho do Rio perdido em Florianópolis. Nunca fui ao Rio, mas se for verdade, quero morar lá quando eu crescer. A Travessa Ratcliff desperta em mim, uma dessas relações de amor incondicional que você acaba tendo por alguns lugares. Talvez isso influencie muito do meu post sobre a feijoada de lá, mas se servir pra fazer alguém ficar curioso e ir conhecer, já valeu a pena. Espero que vocês concordem comigo.
O Canto do Noel (uma homenagem ao sambista, não ao bom velhinho) é um dos três botecos da Travessa, cenário de muita coisa boa que já rolou por aqui. Luiz Henrique Rosa, Liza Minelli e Zininho eram alguns dos ilustres freqüentadores do antigo Petit, e quem vai lá pode conferir as figuras nos retratos pendurados pela parede. Como a ideia aqui não é falar da história do lugar, sugiro que vocês leiam o post do João Carlos, “presidente” da Travessa.
Já fazia algum tempo que o Vitor tinha me falado da tal feijoada, mas como a correria é grande e o tempo é curto, fomos adiando a nossa incursão diurna ao Noel. O dia é longo na Travessa. O Noel abre às 8h e só fecha às 23h, de segunda à sexta e no sábado abre no mesmo horário e fecha às 16h. Minhas idas normalmente são à noite, pra tomar uma cervejinha e comer uma isca de peixe, acompanhadas de um bom papo. A cerveja e o bom papo eu não dispensei, mas o prato e o horário mudaram.
Depois de passada uma semana inteira sem ver um raio de sol, fazia uma sexta-feira linda e o Vitor já me esperava em uma das mesas que ficam no calçadão, do lado de fora. Animados pelo sol e levando em conta que Travessa não é Travessa sem cerveja, pedimos pro seu Hamilton trazer uma Antarctica gelada (R$ 3,75) e já agilizar uma feijoada pra dois (R$ 14). No Noel sempre tem alguma música boa rolando. Juro que eu não lembro qual era a desse dia, mas na segunda seguinte, quando fui com o Daniel, outro freqüentador assíduo, numa das idas noturnas, rolava um João Gilberto, figura mais assídua ainda por lá.
Como à noite as pessoas mais bebem do que comem, não tinha idéia do tanto de gente que almoça por lá. O cardápio tem desde chuleta, até peixe, dobradinha ou feijoada. A nossa não demorou nada pra chegar, mas antes, o seu Hamilton trouxe um pratinho de salada pra abrir o apetite: tomate, repolho e cenoura. Logo em seguida, a feijoada, acompanhada de arroz e farofa (do tipo Yoki, uma das melhores invenções da cozinha prática, na minha opinião, ao lado do miojo e do atum em lata). Alerto aqui mais uma vez pra questão do custo / benefício. Devo reconhecer que não foi a melhor feijoada da vida, mas talvez seja a melhor que eu posso comer a 7 mangos em Floripa. Bem temperada, sal correto, linguicinha saborosa, mas sem aquele corpo que a feijoada tem que ter. Os outros tipos de carne não comi, confesso que eu tenho uma certa resistência, e me coloco no grupo dos que aprova a feijoada com os vários tipos de carne separadas. Sobre isso, aliás, vale a leitura da seção “Gosto de discute”, da edição nº 1 da Revista Gosto, fundada pelo povo que debandou da Gula. A seção mostra duas opiniões antagônicas sobre determinado tema, e essa é sobre a feijoada: “Em defesa da feijoada original”, por Jacques Trefois e “A favor do apartheid culinário”, por Braulio Pasmanik.
Pra acompanhar a conversa de botequim, outra Antarctica e a sobremesa: gelatina no copinho descartável. Simples e bom, como a Travessa.
Preço: $
Atendimento: ☺☺☺☺☺
Música: ♫♫♫♫♫
Momosidade: ♥
Não aceita cartão de crédito / débito
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segunda-feira, 12 de outubro de 2009
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6 comentários:
teu blog tá um luxo, meu bem. =)
minha esperança no roteiro gastronômico da ilha se renova a cada post seu.
Ai quero a tal feijoada!
Já convidei marido para comparecermos ao local, munidos de ambulância devido a prováveis excessos.
Sobre a comida não sei bem. Só almocei uma vez e gostei! Comida caseira bem feita.
Mas sobre o clima, realmente é muito bom!!!
O clima que parecia existir no Petit continua.
Parabéns ao seu Edison!!
Ponto negativo apenas para o banheiro...Terrible!!!
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